quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"Eu mudei"



















"Hesitei muito tempo em contribuir para o que o meu irmão António cruamente designa de 'detritos sólidos', e não queria sacrificar árvores inocentes à prosa desavinda. Cedi, no entanto, que é difícil resistir aos pecados do mundo, e aos desejos da mãe". Assim justifica Nuno Lobo Antunes, especialista em neurologia pediátrica, a edição desta sua primeira obra. "Sinto Muito" foi o título dado, numa tentativa de mostrar o que lhe vai na alma depois da experiência com doentes oncológicos, no Columbia-Presbyterian Medical Center. Não é desculpa que quer pedir. Quer antes dizer como sentiu cada momento vivido com os pacientes e suas famílias. Quer terminar as conversas que não teve por pudor, ou porque a relação profissional não lhe permitiu.

Nuno Lobo Antunes faz-nos entrar no quarto do paciente e, junto da cabeceira da cama, leva-nos a colocar a mão na cabeça de quem mais precisa. Mostra-nos como pode ser dura esta luta contra a doença. Mas também como é enorme a nossa força. "As pessoas, quando colocadas perante dramas pessoais, são capazes de se transcender e de se portar como heróis de carne e osso", disse em entrevista à GINGKO.

"Qualquer médico com experiências semelhantes, nele se vai reconhecer, tal como quem quer que tenha estado do outro lado do espelho de Alice. Os leitores não terão dificuldade em confiar nesta nova voz-do-mestre", diz António Damásio no prefácio. E, de facto, assim parece. O livro, lançado pela Verso de Kapa, transformou-se num sucesso de vendas. Chegou ao Top da Fnac e da Bertrand e vai já na quinta edição. "É preciso afirmar aquilo em que se acredita (...) É preciso dizer que a paixão, mais que a razão, redime e nos torna santos. E, sem pudor dos afectos, confessar que sinto muito" (in Sinto Muito, Nuno Lobo Antunes).Aqui.

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LEIA A ENTREVISTA A NUNO LOBO ANTUNES NA EDIÇÃO N.º 10 DA GINGKO

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