sábado, 24 de janeiro de 2009

"Ele" e "Ela" na Prova Oral

José Manuel Arrobas e Maria dos Anjos Fernandes, autores do livro ELES, ELEAS e o AMOR, estiveram, na Antena 3, na Prova Oral. Oiça Aqui.

"
Elisabete e Mara...questionaram...Será que o amor dura toda a vida? Será que o amor dura toda a vida? ou será que precisa sempre de psicoterapia para se manter???"

"Alexandra...As crises conjugais....acho que tem a ver com a forma como se olha para a outra pessoa, no início vê-se o que se deseja, depois vê-se a realidade e depois tenta-se viver com essa realidade. A questão é, se quando chega a 3ª fase se ainda há respeito e "amor" para tentar continuar.Mas, haver a tal química, sempre, é essencial a sintonia.""ppimenta...O amor? As pessoas não mudam, apenas as suas atitudes é que mudam, os seus comportamentos em relação a determinadas situações. O seu pensamento continuará sempre o mesmo, e continuarão sempre a querer fazer as mesmas coisas.O Amor que se sente por outra pessoa é equivalente aos principios da própria pessoa em relação com compromisso."

"ppimenta...O amor. As pessoas não mudam, apenas as suas atitudes é que mudam, os seus comportamentos em relação a determinadas situações. O seu pensamento continuará sempre o mesmo, e continuarão sempre a querer fazer as mesmas coisas.O Amor que se sente por outra pessoa é equivalente aos principios da própria pessoa em relação com compromisso."

Para ler os comentários efectuados no decorrer do programa, clique. Aqui.

Blog - Pregos no Prato

"Já aqui falei do Prof. João Lobo Antunes a propósito do livro “O Eco Silencioso”. Desta vez falo do livro “Sinto Muito”, escrito pelo seu irmão, Nuno Lobo Antunes (Neuropediatra): a admitir um ponto de comparação, sempre ingrato para ambos, diria que a escrita deste autor é mais intimista e ao mesmo tempo menos cerebral que aquela do Prof. João Lobo Antunes.

Notam-se, ainda assim, traços de vida paralelos - influência assinalável da figura paternal, ambos “emigraram” para Nova Iorque e regressaram ao fim de alguns anos, e abordagem das mesmas questões, donde sobressai a preocupação com a progressiva funcionalização da medicina.

Fruto da sua especialidade clínica, os temas que Nuno Lobo Antunes trata são tudo menos agradáveis - crianças e doenças terminais são, por natureza, quase incompatíveis, mas o autor consegue sempre extrair destas terríveis histórias de vida e morte um ensinamento ou uma reflexão que permite ao leitor encarar a tragédia com outros olhos.

E depois, há pormenores deliciosos de humor subtil - como o daquele pediatra que acordado a meio da noite por uma Mãe histérica que lhe pergunta o que fazer ao seu filho, já que teria engolido um lagostim, responde ainda estremunhado - «Dê-lhe uma imperial, minha Senhora»." Aqui.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"Amor, uma cabana e dois psicoterapeutas"

Perguntas e comentários para o 800 25 33 33 e caixa de mensagens do blogue. É a partir das 19, com
Fernando Alvim e Cátia Simão.
Hoje dia 22.01.2009


Já chega de falar da crise económica; falemos, pois, para variar, das crises conjugais. Então, cá vai:

«Primeiro o encontro, a paixão, os momentos que nos fazem subir ao céu, e que nos fazem sentir os melhores e os maiores seres do mundo. Com vontade de ultrapassar tudo e todos os obstáculos, enfim vencer. Depois vem o Amor, com ele muitas vezes a união, o casamento, e com o passar do tempo, surgem os filhos, a família, e com todas elas surgem as incertezas, as angústias, as discussões, as acusações. O casal, naturalmente afasta-se, deixa de dialogar, de expressar os seus sentimentos. E continua a viver em conjunto porque simplesmente não quer pensar no que está a acontecer à relação. E é nesta altura, que inconscientemente começam a procurar noutra pessoa o que não conseguem encontrar na pessoa que amam e que vive ao seu lado. E a única solução parece ser a separação.»

Eles, Elas e o Amor (edição Verso da Kapa), «é um livro escrito por dois psicoterapeutas, um homem e uma mulher, e que tem como objectivo ajudar as pessoas a conhecerem-se a si próprias e a conhecerem os companheiros com quem partilham a vida. Os autores, como especialistas nesta área, pretendem ajudar a reajustar alguns comportamentos entre "eles e elas" de forma a tornar o casamento mais harmonioso ou ajudar o ex-casal a ultrapassar da melhor forma o seu divórcio e ainda fazer acreditar que a vida que os espera só pode ser melhor do que a que têm actualmente. Todos os capítulos têm no final casos reais de pessoas que passaram pelos seus consultórios, pretendendo os autores contribuir com conselhos que sejam úteis aos nossos leitores já que estes se podem identificar ou rever nesta ou naquela situação.»

Os nossos convidados são os dois psicoterapeutas autores deste livro, José Manuel Arrobas e Maria dos Anjos Fernandes, que, durante uma hora, vão partilhar connosco um pouco da sua experiência profissional: quais as causas mais comuns nos divórcios dos dias de hoje?; que sintomas indiciam uma bola de neve em crescimento que, mais tarde, redundará em ruptura?; há mais divórcios durante a vaga de frio, por causa das ceroulas?; poderão discordâncias acerca da programação da bimby para o arroz de pato revelar incompatibilidade de feitios?; o uso indiscriminado de pantufas ridículas em forma de animal poderá diminuir consideravelmente o desejo sexual do cônjuge?; as pessoas que coleccionam menus de restaurantes também podem ser felizes?

Blog - Palavras de Mentes

Crónica do olhar que anuncia a morte

"...que ser mulher, é apenas uma desculpa, sim, uma desculpa para ser mãe. O senhor não sabe, não conhece... Não, Doutor, não olhe assim para mim, não anuncie dores, mortes, imperfeições. Não finja saber o que de todo desconhece. Alguma vez sentiu, dentro de si, a vida que justifica a vida. Não, agora a sério... Doutor, que sabe o senhor da vida, se nunca, dentro de si, ela cresceu?"


Não transcrevi a crónica inteira, como era minha ideia inicial, mas aguço a vontade de ler esta e todas as outras comoventes histórias reais (infelizmente reias) de Nuno Lobo Antunes, em Sinto Muito.Aqui.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Blog - Viagra e Prozac

Sinto Muito, Nuno Lobo Antunes

Não gosto de livros que são a soma de crónicas. Não sou particularmente atraído pelas singularidades da medicina. E tenho uma relação complexa com as biografias. E chamem-me todos os nomes, mas não tenho paciência para ler Lobo Antunes. O outro. Porque a escrita de Nuno Lobo Antunes é deliciosa. Sem pretensiosismos, anima a língua portuguesa com combinações e cores diferentes, numa escrita nos arrebate e comove. Estou a meio e já sinto saudades...

Agora praticamente fora de contexto, uma breve nota para dizer que tenho os melhores pais do mundo. E devia dizê-lo muito mais vezes... Aqui.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Sessão de Autógrafos


...histórias da vida real, que relato de coração aberto...
«Sinto Muito» de Nuno Lobo Antunes
Av.Roma
Sábado, 17 Janeiro 2009, 16:30


O conhecido neuropediatra, Nuno Lobo Antunes, reuniu em livro as memórias de alguns dos momentos mais intensos da sua vida. Conhecido pelo trabalho que desenvolve junto a crianças, nomeadamente crianças vítimas de cancro, editou, pela Verso da Kapa, «Sinto Muito». A livraria Bertrand da AV. de Roma organiza uma sessão de autógrafos com o médico e escritor no próximo dia 17 de Janeiro, pelas 16h30.

Contamos consigo. Esperamos por si.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Há livros que nos marcam para a vida.."

Há livros que nos marcam para a vida, pelas mais diversas razões. Sinto Muito é um desses livros. Decerto não é um livro literáriamente extraordinário, mas sem dúvida que do ponto de vista humano é dos melhores que tive a oportunidade de ler. Ao lê-lo foi de todo impossível segurar algumas lágrimas que teimaram em cair. O livro é uma compilação de pequenos artigos que o autor escreveu e que mais não são do que memórias da sua prática enquanto médico. Poderia escrever muito sobre o que li, no entanto considero que a sinopse do livro diz tudo. Um agradecimento especial ao meu amorzito que sabendo que eu queria tanto lê-lo, me ofereceu o livro:) "Sinto Muito é sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor. Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente, tornando-o mais leve e melhor. Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados, deixar que o seu coração se pronuncie, que se liberte a sua voz, que seja conhecida a sua humanidade. E, na verdade, a alma fala.
Há no médico o desejo de ser santo, de ser maior. Mas na sua memória transporta, como um fardo, olhares, sons, cheiros e tudo o que o lembra de ser menor e imperfeito.
Este é um livro de confissões. Uma peregrinação interior em que a bailarina torce o pé, o saltador derruba a barra, o arquitecto se senta debaixo da abóbada, e no fim, ela desaba. O médico e o seu doente são um só, face dupla da mesma moeda. O médico provoca o Criador, não lhe vai na finta, evita o engodo. Mas no cais despede-se, e pede perdão por não ter sido parceiro para tal desafio." Aqui.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"Eu mudei"



















"Hesitei muito tempo em contribuir para o que o meu irmão António cruamente designa de 'detritos sólidos', e não queria sacrificar árvores inocentes à prosa desavinda. Cedi, no entanto, que é difícil resistir aos pecados do mundo, e aos desejos da mãe". Assim justifica Nuno Lobo Antunes, especialista em neurologia pediátrica, a edição desta sua primeira obra. "Sinto Muito" foi o título dado, numa tentativa de mostrar o que lhe vai na alma depois da experiência com doentes oncológicos, no Columbia-Presbyterian Medical Center. Não é desculpa que quer pedir. Quer antes dizer como sentiu cada momento vivido com os pacientes e suas famílias. Quer terminar as conversas que não teve por pudor, ou porque a relação profissional não lhe permitiu.

Nuno Lobo Antunes faz-nos entrar no quarto do paciente e, junto da cabeceira da cama, leva-nos a colocar a mão na cabeça de quem mais precisa. Mostra-nos como pode ser dura esta luta contra a doença. Mas também como é enorme a nossa força. "As pessoas, quando colocadas perante dramas pessoais, são capazes de se transcender e de se portar como heróis de carne e osso", disse em entrevista à GINGKO.

"Qualquer médico com experiências semelhantes, nele se vai reconhecer, tal como quem quer que tenha estado do outro lado do espelho de Alice. Os leitores não terão dificuldade em confiar nesta nova voz-do-mestre", diz António Damásio no prefácio. E, de facto, assim parece. O livro, lançado pela Verso de Kapa, transformou-se num sucesso de vendas. Chegou ao Top da Fnac e da Bertrand e vai já na quinta edição. "É preciso afirmar aquilo em que se acredita (...) É preciso dizer que a paixão, mais que a razão, redime e nos torna santos. E, sem pudor dos afectos, confessar que sinto muito" (in Sinto Muito, Nuno Lobo Antunes).Aqui.

pdf

LEIA A ENTREVISTA A NUNO LOBO ANTUNES NA EDIÇÃO N.º 10 DA GINGKO

domingo, 11 de janeiro de 2009

O livro que “serviu para arrumar a dor”

“Sinto Muito” de Nuno Lobo Antunes no Casino Figueira


“Não faria sentido que eu morresse sem relatar aos outros as experiências que vivi. Com o relato destas histórias podia fazer com que as pessoas se sentissem melhor”, destacou Nuno Lobo Antunes durante a apresentação do seu livro “Sinto Muito”, realizada no Casino Figueira no passado dia 18 de Dezembro.
Este livro reúne várias histórias que o médico neuro-pediatra vivenciou aquando da sua estada em Nova Iorque no Columbia-Presbyterian Medical Center, um dos maiores hospitais oncológicos do mundo. O título do livro traz consigo uma ambiguidade. “Não era raro morrer alguém durante o turno da noite no hospital. Às três da manhã tinha de ligar a alguém a informar que tinha morrido um ente querido para essa pessoa”, contou o médico, salientando que do outro lado, quando atendiam o telefone dizia, “Sinto Muito. Desculpe. Mas eu partilho a sua dor”.
Neste livro é ainda feita uma descrição pormenorizada do quotidiano de um hospital, inserido numa metrópole como Nova Iorque. O autor fala “sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor”, refere António Damásio, no prefácio do livro.

Para onde vai a dor
Ser o transmissor das más notícias é uma difícil tarefa a que, diariamente, um médico está obrigado. E traz consigo algumas interrogações. “Interrogamo-nos pela razão da nossa existência. É a tentativa de uma resposta, ou o relato de respostas individuais sobre a morte”, destacou Nuno Lobo Antunes, dando, assim, a conhecer algumas das razões que o levaram a partilhar estas histórias com o público.
“Muitas vezes perguntava à Mary, a enfermeira que trabalhava comigo: «onde é que nós pomos a dor? Para onde é que ela vai?»”, confidenciou o autor. “Sinto Muito” trouxe essas respostas.
“De alguma maneira, e no meu caso, a minha dor foi para este livro. E neste momento, como digo no livro, sinto-me mais leve e mais livre”, destacou. Durante os vários anos que esteve em Nova Iorque, Nuno Lobo Antunes teve “o privilégio de conviver com crianças e adultos fantásticos”.
“Eram heróis que ninguém contava, e sentia-me na obrigação de as contar”, destacou.
“Olhar que anuncia a morte” é o título de uma das crónicas que fazem parte de “Sinto Muito”, escrita no “dia em que anunciei a uma mãe que o filho ia morrer”, contou.

Confissões/memórias
Nesta compilação de histórias, Nuno Lobo Antunes revela ser um homem de afectos e um profundo humanista. Fala, sem pudores, da dor, da perda, do amor e da cumplicidade que vai construindo com aqueles com quem se cruza no dia-a-dia. É sem reservas que o médico admite que muito do que é e do que sente está exposto neste livro.
“É um testemunho muito sentido e genuíno e que me continua a tocar sempre que o leio. São histórias da vida real, que relato de coração aberto e que falam do melhor que a Humanidade tem para oferecer, a coragem e o amor. Neste livro há um Nuno completo, o médico, o marido, o pai... Aliás, este livro é dedicado à minha mulher e tem referências expressas às minhas filhas”, referiu.
“Sinto Muito” é um livro de confissões/memórias de um neuro oncologista pediátrico e hoje neurologista sobre doenças de deficit de atenção. Uma reflexão sentida sobre aquilo porque muitas pessoas têm que passar ao longo da vida ou já no fim dela. Aqui
Raquel Vieira - O Figueirense

sábado, 10 de janeiro de 2009

Blog - Sahaisis no hospital

Sinto Muito
Estes dias mais cinzentos e tristes... Ofereceram-me um livro hoje... "Sinto muito" é o título... Na capa está escrito: "A vida é tempo entre parêntesis. Alma a nu, sentimento despido de pudor. O amor como razão de ser e de viver." Foi escrito por um homem de quem tenho uma vaga recordação, de quem recordo principalmente os olhos profundamente azuis. Um homem com quem me cruzei em pequena no corredor de um hospital, quando a minha irmã estava em coma e os médicos diziam que nada mais havia a fazer para além de esperar. Recordo esse tempo tão escuro da minha infância... E penso que há coisas bem piores do que este sentimento que me assoberba agora... Hoje estava a tomar banho e pensei...acabou...sinto muito este fim...demasiado... Um fim que me revolta porque não compreendo, ou não quero compreender... Como pude eu pensar que uma relação há distância entre um homem e mulher demasiado jovens puderia sobreviver... Sinto muito então...mas queria perceber...e é a minha teimosia que me obriga a pedir-te para me explicares, para esperares até nos encontrarmos... Sinto-me tão perdida, como me senti de todas as vezes em que pusemos fim a isto para recomeçarmos algum tempo depois, no vício malvado dos nossos corpos... Sinto muito, a tua falta...e choro amiúde a tua ausência... Não quero acreditar que acabou...e no entanto sinto-me patética por continuar a exigir quês, porquês e uma explicação que me apazigue...que não deixes de fazer parte da minha vida, sem saber muito bem como sobreviverei há notícia de que há alguém na tua vida que ocupa o meu lugar... Sinto muito a minha vida, tempo entre parentesis desde o dia em que te conheci, demasiado breve.... E a forma como me despi para ti, uma e outra vez. Sinto muito não como um lamento, mas com a vivacidade dos momentos em que o fiz com a alegria imensa de te descobrir e encontrar, com todo o pudor de quem quer com um cuidado imenso. De quem queria mais do que o teu amor, o teu afecto, como parte da minha razão de ser e de viver. E apetece-me tanto dizer-te não me percas, porque eu em ti encontro-me sempre, mas já não sei como o dizer... Sinto muito. Sinto-te ainda tanto, que não sei como partir de ti... Hoje perguntaram-me porque tinha um ar triste... Não fui capaz de dizer como no título de Graham Greene"The end of the affair" é o que tenho... Porque não quero dizê-lo. Porque tenho esperança de ainda nos conseguir colar com os remendos do que sinto por ti... Pus um sorriso e respondi...é pessoal...e a pessoa fez-me um sorriso triste e respondeu...sinto muito...e eu sorri e disse-lhe que eu também... Ah...O livro "Sinto Muito" é do Nuno Lobo Antunes...Aqui

Conhece o top 10 de 2008 ?


Os melhores livros de 2008- Aqui

Msn Notícias

A Viagem do Elefante, de José Saramago

A Vida num Sopro, de José Rodrigues dos Santos

A Razão dos Avós, de Daniel Sampaio

Um Homem Com Sorte, de Nicholas Sparks

Onde Reside o Amor, de Margarida Rebelo Pinto

Sinto Muito, de Nuno Lobo Antunes

Equador Edição Especial, de Miguel Sousa Tavares

Crepúsculo, de Stephenie Meyer

O Jogo do Anjo, de Carlos Ruiz Zafón

Catarina de Bragança – A coragem de uma infanta portuguesa, de Isabel Stilwell

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

"Bem haja, Dr. Nuno Lobo Antunes"

Terminadas as últimas páginas do livro - Sinto Muito - pois que deixo a minha simples opinião pessoal. Não era bem aquilo que estava à espera (esperava mais casos clínicos), mas ainda assim surpreendeu-me muito pela positiva, com um texto relativamente bem sequenciado e muito bem escrito. Confesso que houve duas partes que me emocionaram, tanto pela forma como estavam descritas e pela história em si.
Recomendo vivamente para quem ainda não teve o prazer de o ler.

preciso afirmar-se aquilo em que se acredita. É preciso usar grandes palavras: fé, amor, vergonha, coragem. É preciso dizer que a paixão, mais que a razão, redime e nos torna em santos. E, sem pudor dos afectos, confessar que sinto muito."
Bem haja, Dr. Nuno Lobo Antunes. Aqui


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

"Autores nacionais venderam um milhão na época de Natal"

Literatura. O livro foi uma das prendas preferidas pelos portugueses este Natal. Se os escritores estrangeiros tiveram o comportamento habitual, já os nacionais surpreenderam pelo número excepcional de vendas. É certo que dos pesos-pesados só Miguel Sousa Tavares esteve parcialmente fora do ringue

Mulheres deram taça a Rodrigues dos Santos

Dar e receber um livro no Natal é a troca de presentes preferida dos portugueses. Fazê-la com livros de autores nacionais é a grande moda. O resultado destas duas situações fez com que os autores nacionais tenham sido os recordistas de vendas de livros neste último trimestre, num total muito próximo de um milhão de exemplares.

Este número é ainda mais indicativo da mudança quando se somam apenas as vendas de meia dúzia de autores e de vários dos seus títulos e se chega imediatamente ao patamar do meio milhão. É o caso de José Rodrigues dos Santos, que para além do seu novo livro vendeu milhares dos outros; de José Saramago, que acrescentou 30 mil às vendas de o Ensaio sobre a Cegueira devido ao filme; dos três irmãos Lobo Antunes - António, João e Nuno -, que só por si venderam 120 mil; Daniel Sampaio, com largos milhares, e Isabel Stilwell, que reeditou o enorme êxito anterior.

É uma mudança de rumo do mercado editorial, que se acentuou em 2008 - acompanhando a tendência internacional - e que tem duas razões: o peso do leitor feminino e a aposta das editoras em dar romances historicamente comerciais e com um mínimo de credibilidade.

Com esta "receita literária", lucram as editoras e os livreiros, ganham os autores e aumenta o seu número, ficam os que lêem mais satisfeitos e o rácio de leitura em português melhora, sem se necessitar de alimentar o debate inócuo de que a literatura light destrói a boa escrita e não atrai novos leitores aos já fiéis ao livro.

Analisar o aumento de vendas do autor nacional envolve muitas outras variáveis, mas, no final, a conclusão é a mesma e nenhuma editora veio ainda a público lamentar-se dos efeitos da crise. Não será por acaso que, entre os empresários portugueses, Miguel Pais do Amaral seja um dos mais satisfeitos com os investimentos realizados no último ano, a aquisição de 16 das mais importantes editoras nacionais.

Também ainda não é possível confirmar o efeito das concentrações de editoras sob grandes grupos no crescimento deste sector, por isso a explicação mais imediata, e com a qual os editores ouvidos pelo DN concordam, é mesmo o gosto dos leitores por um segmento literário que promove um efeito de camaleão até junto de autores "clássicos".

Os dois livros que lideram as tabelas não poderiam ser mais diferentes um do outro. José Rodrigues dos Santos escreveu uma história romântica e as edições sucedem-se. José Saramago fez um longo conto irónico e liderou a tabela de vendas durante as últimas semanas com seis edições. Curiosamente, apesar de José Saramago ser o número um nas tabelas das Fnac e das Bertrand, foi Rodrigues dos Santos quem mais vendeu, porque se beneficia da aquisição noutros espaços comerciais.

A única certeza neste burburinho livreiro é que os 6000 exemplares de Ninguém Dá Prendas ao Pai Natal, de Ana Saldanha, se venderam mesmo devido à quadra.Aqui
Diário de Notícias -
JOÃO CÉU E SILVA

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Memórias de um homem que aspirava a santo


"Sinto Muito" é a viagem de autodescoberta daquele que achava ser o irmão Lobo Antunes sem talento.

É o mais improvável dos "best-sellers" do ano: "Sinto Muito" é um conjunto de histórias de médico, escritas de forma lírica e emotiva. Mais que diagnósticos certos ou errados, retratam a experiência da dor e da solidão inerente à condição do doente, mas também do médico, que é para o paciente o elo de ligação a uma possibilidade de recuperarem. Em pouco tempo esgotou nove edições e aproximou-se dos 50 mil exemplares vendidos.

O mérito é de Nuno Lobo Antunes, neuro-oncologista pediátrico e autor das crónicas que "Sinto Muito" colige, escritas originalmente (com uma dezena de excepções) para a revista "Lux", de que a mulher é editora. Originalmente, o médico, nascido em 1954, fazia "a culinária da medicina", isto é, "escrevia conselhos de saúde, penso eu que bem feitos e correctos, de fácil leitura". Um dia pensou: "Vou contar um bocadinho o que foi a minha experiência" e surgiu "A Humanidade no Seu Melhor", primeira crónica deste livro: é um texto sobre como conviver com o desgosto, como conviver diariamente com a morte e a impotência face à doença, a incapacidade de salvar os doentes. A experiência veio a revelar-se fascinante.

"Fui inundado de 'mails' de pessoas a quem a crónica tinha tocado", conta Lobo Antunes. Ao falar da reacção à sua primeira crónica "pessoal", a voz toma um ligeiro tom emocionado. "Pensei: 'Espera lá, se calhar até sou capaz de fazer isto de uma forma que toque as pessoas e que seja literariamente competente'. E, pouco a pouco, a mão foi escorregando."

Lobo Antunes escrevia na "Lux" de mês a mês, alternando com outros médicos que, como ele, ofereciam os seus conselhos de saúde. Ainda assim, e apesar do interesse dos leitores perante a nova abordagem, houve obstáculos a vencer para poder continuar a revisitar as suas memórias na revista. "A minha mulher, que é editora da revista, dizia-me: 'O que te peço são conselhos sobre saúde, não é isto'. Eu disse-lhe: 'Das duas uma: ou me põem fora ou escrevo sobre estas coisas'."

Texto a texto, Lobo Antunes começou a aperceber-se "que havia várias pessoas que recortavam as crónicas e as punham num 'dossier'". Isso, diz, tocou-o imenso. "De repente escrevia uma coisa qualquer na 'Lux' e uma jovem cabeleireira de Sever do Vouga mandava-me um 'mail' a dizer que no intervalo do trabalho a arranjar cabelos tinha lido a minha crónica e que a crónica a tinha tocado profundamente."

Mas "Sinto Muito" não é apenas uma compilação de mortes, de rostos esquecidos naquela que é talvez a mais terrível das enfermarias, a da oncologia pediátrica. É igualmente um livro que traça um trajecto, a experiência pessoal do próprio Nuno Lobo Antunes. Quase se podia dizer: o crescimento de Nuno Lobo Antunes.

Emocional e emocionada

Uma boa parte do sucesso do livro é o seu tom emocional e a humildade com que o médico relata as suas memórias: como se cada encontro com um doente lhe ensinasse um pouco mais da abnegação de que o ser humano é capaz. E Lobo Antunes descreve essas pessoas, comovido. "Penso que as pessoas querem ser tocadas", reflecte o autor, no seu escritório no CADIn, o Centro para o Apoio e Desenvolvimento da Infância, uma clínica privada onde hoje exerce. "Esse é o segredo do livro: a escrita vinha atrás da emoção e não o contrário".

Lobo Antunes considera que esta é uma escrita "emocional e emocionada" e quando lhe perguntamos se alguma vez pensou escrever estas crónicas sem lirismo, se alguma vez pensou, no fundo, limitar-se a contar as histórias, responde: "Não, isso não sou eu, não me interessa. Isso já eu faço quando faço o relatório de um doente. Isso é o meu dia-a-dia: faço o relatório e a secretária passa à máquina".

A emocionalidade é uma tentativa constante de perceber o outro (o doente). Daí Lobo Antunes escrever tantas vezes sobre a importância da "comunicação". No fundo há aqui uma ideia humanista da medicina enquanto diálogo entre paciente e médico. "Essa questão da comunicação é crucial para as pessoas não só tratarem do corpo mas também da alma, no sentido em que seguramente o tratamento de um doente não se resume a passar uma receita, é algo muito mais complexo e vasto do que isso e passa pela comunicação. Passa pela empatia, por perceber que pessoa é aquela, que família é que tem, o que é que ambicionou na vida, quais são os seus projectos, por que mágoas passou, que cultura é que a premeia, tudo isso - só assim podemos dar a resposta àquele indivíduo e isso passa-se a um nível afectivo. É a interrogação: 'Quem és tu?'"

Essa questão existencial está retratada na frontalidade com que o próprio autor expõe os seus medos, não só enquanto médico mas igualmente enquanto pessoa. Por outras palavras: esse "Quem és tu?" que o médico coloca perante cada paciente, também é colocado perante si mesmo - e portanto "tudo o que não corre como nós achamos que deve correr, pode ser vivido como 'Paciência, demos o nosso melhor', ou então como 'Merda, merda, merda'. A questão é essa".

As histórias destas pessoas são, por isso, a história de uma constante inquirição do que é o papel do médico. Daí que, logo na introdução, Nuno Lobo Antunes fale do seu percurso até se tornar neuro-oncologista pediátrico e posteriormente chegar a este livro, sempre com um desejo "de ser santo" (como escreve): filho de médico conceituado, irmão de médicos e, acima de tudo, criança que esteve gravemente doente e que foi educada "numa cultura de rigor, de fazer bem, de aspirar pela perfeição".

No seu caso, a escolha não dependeu apenas da família, mas também de uma quase tragédia. "Eu adoeci gravemente quando era miúdo [aos três anos]. E tive uma boa relação com os pediatras que me trataram. A imagem do pediatra tornou-se para mim uma referência masculina de afecto."

A doença foi fundamental para torná-lo médico também pelo peso que lhe colocou desde cedo, pela precoce consciência da morte: "É preciso ter alguma maturidade para se ter a percepção do que é a morte. Mas a minha mãe conta que eu dizia: 'Vou morrer e quero o meu paizinho'. Ora, eu tinha três anos, não é de todo natural um miúdo de três anos verbalizar: 'Eu vou morrer'. Deve ter sido algo muito traumático, muito pungente, para dizer uma coisa destas. Agora, que efeitos tem a prazo sobre a minha personalidade talvez um psicanalista, se escavar o suficiente, possa descobrir."

Obviamente, e vindo da família que vem, a "atracção para a medicina era algo que bebia no quotidiano enquanto criança: com dois irmãos mais velhos médicos e pai médico, as questões da medicina estavam sempre presentes à hora do jantar". Lobo Antunes exemplifica a sua proximidade da medicina com uma história curiosa: "Eu cresci com um esqueleto ao lado - antigamente Anatomia era feita com esqueletos verdadeiros, e o António tinha uma caveira que servia de cinzeiro. Ele lidava com aquilo com uma naturalidade enorme, se quisesse podia brincar à espada com uma costela."

O quinto filho

Com honestidade, o neuropediatra reconhece ainda que havia, no seu imaginário infantil, uma questão de 'statu' associada à medicina (e distante da crueza da tragédia que veio mais tarde a encontrar): "As visitas que fazia com o meu pai quando ia ter com ele ao serviço eram marcantes: gostava do ambiente do hospital, das enfermeiras de bata, dos cheiros, da forma cerimoniosa como o meu pai era marcado. Isso era marcante."

Neste processo confessional surge uma espécie de complexo de inferioridade face aos irmãos António (escritor) e João (médico), complexo que assume: "É completamente verdadeiro. Não sei é se não é inevitável quando se é o quinto [irmão] de vários irmãos brilhantes."

Ora, Nuno, ao contrário dos irmãos, "não era brilhante": "Quando eu estava a crescer tinha a ideia de que os irmãos que me antecediam eram todos bons, alguns deles excelentes, como era o caso do António. E eu nunca o fui. Nem de longe, nem de perto. Era um aluno de 10". Frase fundamental: "Quando se tem essas figuras todas por cima é um bocado difícil encontrar um caminho". A pergunta que Nuno se colocava era: "Onde é que está a minha qualidade, se a tenho?"

Fica por vezes a ideia de que há uma identificação com o doente enquanto ser que não é um vencedor nato. Ou mesmo enquanto sofredor.

Quando Nuno decidiu ser neuropediatra, escreveu ao irmão João, que lhe disse: "Então vem para cá, que na Universidade de Columbia temos o melhor grupo de neuropediatria da América". "Havia centenas de candidatos americanos para esse lugar. Todos os verões, nas férias, ia para lá como voluntário. As pessoas conheciam-me e criei algum prestígio. Aceitaram-me no programa, fui o único estrangeiro a consegui-lo em muitos, muitos anos." Novamente com humildade refere que "também estava lá o meu irmão, o que foi um factor importante".

Uma boa parte das histórias do livro passa-se em Nova Iorque, para onde Lobo Antunes se mudou quando tinha 31 anos. Lá trabalhou de 1985 a 1988 e, mais tarde, entre 1994 e 2001. As restantes histórias têm por palco a província ou hospitais lisboetas, tudo cenários de tragédia.

Quando chegou a Nova Iorque, Lobo Antunes não olhou para as histórias que lhe aconteciam à frente como literatura, "antes de mais porque nunca" pensou "que pudesse ter algum talento para escrever algo que desse para ser publicado". O que vivia era simplesmente: "You have a job to do". "No dia em que cheguei - conta - puseram-me de urgência. Espetaram-me com três bips no cinto e disseram: 'Estás de banco'. É-se obrigado a ser-se o melhor que se pode ser. A saber até onde se pode ir e como se reage em situações muito complicadas. No fundo é-se obrigado a saber quem se é, onde se pode chegar."

E onde pôde chegar Nuno Lobo Antunes? "Até onde o livro relata." "Estas histórias durante muito tempo andaram às voltas - confessa - e reemergiam com grande frequência. Alguns destes textos foram escritos muito rapidamente, em meia hora. Mas, se eu começar a pensar, isso é falso. É como as betoneiras que andam com cimento lá dentro, pela cidade, sempre a trabalhar. Eu sinto-me um bocado a betoneira: andava de um lado para o outro a fazer outras coisas, e as histórias andavam cá à volta e depois quando me sentava a escrever as coisas saíam. É como declarar uma paixão: as coisas saem naquele turbilhão e pode sair uma coisa muito bela e muito pronta já. Eu tinha de parar e, dois dias depois, trocava duas ou três palavras e o grosso já estava."

Últimas palavras de um homem emocional: "Não há facilidades aqui, isto é um livro de dificuldades".

02.01.2009
Por: João Bonifácio - Aqui