domingo, 30 de novembro de 2008

Sinto Muito no Segredo dos Livros

Disse Fátima Rodrigues no Blog Segredo dos Livros:
É um livro de confissões/memórias de um neuro oncologista pediátrico e hoje neurologista sobre doenças de deficit de atenção. Uma reflexão sentida sobre aquilo porque muitas pessoas têm que passar ao longo da vida ou já no fim dela.
"Sinto Muito é sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor. Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente, tornando-o mais leve e melhor.
Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados, deixar que o seu coração se pronuncie, que se liberte a sua voz, que seja conhecida a sua humanidade. E, na verdade, a alma fala."Aqui.

Críticas de imprensa:«Os 44 textos reunidos em Sinto Muito formam um bloco coeso, tendo por dio condutor as mil histórias da vida de um médico que escolheu a pediatria “porque gostava do aristocrata dos pediatras do [seu] tempo” (a neurologia já era tradição na família). Escrito no tom compassivo de quem acredita nas grandes palavras, “fé, amor, vergonha, coragem”, não admira que estas memórias de Nuno Lobo Antunes cativem tantos leitores.» Eduardo Pitta, Público

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Nuno Lobo Antunes - Praça da Alegria

Amanhã, Nuno Lobo Antunes vai estar à conversa com Jorge Gabriel e Sónia Araújo sobre o seu livro Sinto Muito.
Emitido diariamente a partir dos estúdios do Porto, a Praça da Alegria é uma produção da RTP.
Entre as 10h e as 13h.

domingo, 23 de novembro de 2008

"a vida é tempo entre parêntesis"

""Sinto Muito" é o título do livro de crónicas do médico Nuno Lobo Antunes que li esta tarde duma vez só. Ri, chorei, emocionei-me, chorei de novo... Porque a "vida é tempo entre parêntesis" e porque "o verdadeiro milagre do amor, não é poder curar doenças insanáveis, mas adorar para além das palavras, quem é diferente, mais frágil, e muito nosso". Nuno Lobo Antunes" Aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Toda a devastaçao da perda"

"A medicina nunca afastou ninguém da literatura, nem mesmo entre nós, onde os exemplos abundam. Fernando Namora é talvez o mais conhecido dos médicos escritores portugueses, mas está longe de ser o único. Sem a pretensão de ser mais um, o neuropediatra Nuno Lobo Antunes (n. 1954) acaba de reunir em volume um notável conjunto de ensaios sobre as suas experiências profissionais, grande parte dos quais teve primeira publicação numa revista generalista onde assinava uma coluna de divulgação médica. No prefácio de Sinto Muito, assim se chama a colecção, António Damásio cita o poeta romântico inglês William Wordsworth para estabelecer um paralelo entre o «espectáculo aterrador» que os olhos do autor (enquanto médico) têm de enfrentar, e a lição apaziguadora dos gregos: a catarse pela escrita.
Damásio sublinha que o livro «
é sobre o sofrimento em geral, ou se quisermos, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor.» Como decorre da leitura dos textos coligidos, a expressão “sinto muito” não é o equivalente de “lastimo” (ou lamento). O sentido de perda que o título enfatiza é parte da narrativa: «Os velhos morrem a horas impróprias. Maçavam, mesmo mortos, e insistiam em escolher o meu turno de vigia. Depois aquela obrigação de telefonar para casa, anunciando à viúva, que de ora em diante estaria como eu, sentindo o peso da noite porque estamos sozinhos. [...] Uma velha despertada do silêncio da casa, mãos enrugadas tacteando o telefone, e do outro lado uma voz com sotaque, de um médico vindo de um país distante, onde os velhos ainda têm família. Sinto muito — dizia — sinto muito. E na verdade sentia. Sentia o desespero da sua solidão, amputada do amor de toda a vida e para sempre jovem, que nos sonhos nunca somos velhos.»
Nos primeiros anos, depois do internato policlínico em hospitais de Lisboa, Nuno Lobo Antunes fez o tirocínio da província, experiência que o levou a Manteigas, onde tomou a decisão de partir para Nova Iorque.
O Columbia-Presbyterian Medical Center é a principal fonte dos relatos, sendo motivo de interesse a descrição pormenorizada do quotidiano hospitalar numa metrópole como Nova Iorque, com a sua mistura de raças, culturas e religiões. É capaz de não ser muito diferente do que se passa noutras cidades, porque a realidade multicultural é hoje uma evidência (talvez mesmo em Nelas), embora o factor de escala continue a ser determinante. O que é novo, em Portugal, é a capacidade de pôr em letra de forma este tipo de experiências, num registo acessível a toda a gente, sem nunca beliscar o rigor da informação e a exigência do discurso. Se a tudo isto acrescentarmos uma óbvia vocação de contador de histórias, não isentas de humor quando é o caso, temos a receita que faz de Sinto Muito uma obra singular.
Não poucas vezes, o autor surpreende-nos com sínteses exemplares: «
A dor comia bocadinhos de nós. Partes de mim deixavam de existir.» Chama-se a isto limpar o osso de toda a enxúndia, que o mesmo é dizer da retórica auto-complacente. Noutras ocasiões, que são aliás frequentes, certo sentido de mise en scène empresta aos textos uma forte dimensão plástica, como aquele que descreve um atravessamento nocturno da ponte George Washington, o carro destruído entrevisto de relance, «o momento em que a luz se apaga, os olhos se fecham, o pêndulo pára», ele a caminho do hospital, desconhecendo, como não podia deixar de ser, quem ali morria contra o separador. Era afinal (soube-o mais tarde) a enfermeira sua assistente, «sorriso irlandês que tudo vence, olhos azuis de música celta, cabelos ruivos de outra raça», presumivelmente a Mary de O Sétimo Dia.
Sempre que necessário, a realidade revela-se com brutalidade: crianças que nascem com o cérebro destruído porque «
as carótidas, interrompidas por coágulo, deixaram de fornecer o oxigénio necessário à vida das células», músculos e membros atrofiados e, mesmo assim, sobrevivendo até aos 15 anos. A história de La niña, filha de imigrantes colômbianos, é das mais pungentes do livro. Oscilando entre um mínimo de quatro e um máximo de seis páginas cada, os 44 textos reunidos em Sinto Muito formam um bloco coeso, tendo por fio condutor as mil histórias da vida de um médico que escolheu a pediatria «porque gostava do ar aristocrata dos pediatras do [seu] tempo» (a neurologia já era tradição na família). Escrito no tom compassivo de quem acredita nas grandes palavras, «fé, amor, vergonha, coragem», não admira que estas memórias de Nuno Lobo Antunes cativem tantos leitores."

"Entre a realidade, umas vezes brutal, outras vezes compassiva, a lição dos gregos: a catarse pela escrita."
Crítica Literária: * * * *

EDUARDO PITTA - Jornal Publico - ípsilon - 21 Novembro 2008

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Lançamento do livro - ELES ELAS E O AMOR

clikar p.f.
A editora Verso de Kapa, os autores José Manuel Arrobas e Maria dos Anjos Fernandes e o El Corte Inglés, convidam para o lançamento do livro ELES, ELAS e o amor, que terá lugar no dia 27 de Novembro, 18h30, no Restaurante, piso 7, do El Corte Inglés de Lisboa

"Falando da dor e do sofrimento, mas um hino à vida."

"Acabei agora “Sinto Muito” de Nuno Lobo Antunes…
Falando da dor e do sofrimento, mas um hino à vida.
Não houve uma página em que não chorasse, outras houve que ri, pelo meio…
Livro duro, não tenho estofo nem bagagem para me meter nestas leituras...livro lindo, potentíssimo.... god...
Mais humana estou, mas também sem sono fiquei…
”A vida é tempo entre parêntesis: alma a nu, sentimento despido de pudor, o amor como razão de ser e de viver”.


Passagens

A certeza que fica é que para a vida valer a pena é necessário amar e ser amado, e ter muito cuidado com o cristal de que os outros são feitos.
“Com clareza se exprime o que se pensa bem” (Pascal)
Muitas vezes no poder das circunstâncias, de um encontro, no traçado da vida, uma palavra de incentivo, ou uma atirada sem cuidado, marcam uma existência. Definitivamente.

O meu irmão António disse-me, um dia, que nunca iria viver para o estrangeiro por não ser capaz de segredar ao ouvido feminino…Aurora…és a minha madrugada!

Cada página que escrevo vai numa garrafa de náufrago lançada da praia. Carta solitária suplicando resgate. Uma vida à deriva. A outra praia qualquer chegará a mensagem.

É preciso afirmar aquilo em que se acredita. É preciso usar as grandes palavras: fé, amor, vergonha, coragem. É preciso dizer que a paixão, mais que a razão, redime e nos torna santos.
Aqui.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Nuno Lobo Antunes - Um homem que sente

"Há no médico o desejo de ser santo, de ser maior. Mas na sua memória transporta, como um fardo, olhares, sons, cheiros e tudo o que o lembra de ser menor e imperfeito."

"O Livro de Nuno Lobo Antunes lê-se num ápice. E tem capítulos muito bons. São episódios da vida de um médico que, como afirma no título, "sente muito".

Conheço o Nuno desde a faculdade. Admiro nele a capacidade de trabalho e de mudança. E também lhe reconheço coragem de intervenção, como no caso Esmeralda, em que não teve pejo de desmontar alguma da histeria "pró-sargento", mesmo desafiando "altas individualidades". Diz-se que o Nuno é "mesmo Lobo Antunes", ou seja, que compartilha alguns tiques que atravessam toda a família. Talvez - já lho disse pessoalmente. Mas a postura dele, em termos de cidadania, tem sido muito boa.

Lembro-me de, há anos, num Congresso no Coliseu, ter dito "preto no branco", que há um conflito de interesses entre a mulher-trabalhadora e a mãe. E que ignorar isso, camuflando, seria uma forma de perpetuar o problema sem saltar para uma solução. Inteiramente de acordo, meu Caro Amigo, uma das poucas pessoas que teve a atenção de me telefonar, pessoalmente, em 2002, a expressar o apoio na luta pela vacinação universal contra a meningite C.

Fica aqui o apontamento, e a sugestão para lerem este livro." Aqui.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"Um Livro"

Sinto Muito
Confissões de um médico
de Nuno Lobo Antunes
Verso da Kapa

É um livro de confissões/memórias de um neuro oncologista pediátrico e hoje neurologista sobre doenças de deficit de atenção. Uma reflexão sentida sobre aquilo porque muitas pessoas têm que passar ao longo da vida ou já no fim dela.Sinto Muito é sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor. Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente, tornando-o mais leve e melhor.Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados, deixar que o seu coração se pronuncie, que se liberte a sua voz, que seja conhecida a sua humanidade. E, na verdade, a alma fala.Aqui.

domingo, 16 de novembro de 2008

Lançamento - SINTO MUITO

A sensibilidade de Jorge Gabriel...

Sinto Muito
"Vivi dois momentos de profunda mágoa hoje e, simultaneamente, de esperança.
Assisti à nocturna entrevista da Judite de Sousa ao neurologista Nuno Lobo Antunes sobre a sua experiência com crianças, doentes oncológicas. Emocionei-me com a dureza da verdade. Da inevitabilidade da morte prematura e, do desabafo do médico, sobre a frieza das sentenças terminais para tão injustas afectadas. Estarreci com as descrições cruas da incapacidade para assegurar uma cura.
Há sempre uma razão para viver. Há sempre uma razão para desistir e respeitar a decisão. Mesmo quando olhamos para um pueril vislumbre farto de combater, carregado de dor e mais preocupado com os que rodeia do que com sim mesmo.
Os cuidados paliativos são imperiosos e merecedores de investimento, e - dentro em breve visitarei uma das melhores unidades existentes em Portugal - deles falarei com mais destaque. Aconselho-vos vivamente o livro, testemunho, "Sinto Muito", de Nuno Lobo Antunes.
Cheguei a casa incomodado. Vim do funeral do pai de jogador que treinei no Arouca. O Rui Pedro entregou à sua fé o destino do pai no cemitério de Grijó, morto por uma quezília de estacionamento. As justificações para tão descontrolada decisão do homicida descolam do nosso entendimento. Amachuca-se a vida de um mecânico, em troca de um prazer de carácter, de uma resolução à força, ao peso de um chumbo de espingarda.
Afinal o que vale a vida? Quanto suportamos a dor? E quem a rouba terá a noção da sua precariedade de espirito?
A esperança, à hora tardia em que vos deixo este desabafo, é que não cheguemos ao desespero deste pistoleiro, fazedor de justiça pelas próprias mãos, e que sejamos capazes de continuar a perdoar. Mesmo àqueles que nos roubam quem Deus mais ama." Aqui

sábado, 15 de novembro de 2008

No Blogue da Ana F.

Nas nossas "viagens" encontrámos um Blogue curioso que diz "Porque a estante é limitada e a vontade de ler ultrapassa de longe esses limites, há que ceder à tentação de guardar todos os livros e cedê-los a outros."...
O Blogue chama-se Livros em 2º mão, e a sua autora a Ana F. já leu SINTO MUITO, e descreve-o ""
Sinto muito" é sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor. Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente, tornando-o mais leve e melhor. Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados, deixar que o seu coração se pronuncie, que se liberte a sua voz, que seja conhecida a sua humanidade. E, na verdade, a alma fala." Aqui.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Jornal da Madeira

O livro de Nuno Lobo Antunes, é a sugestão do Jornal da Madeira, do passado dia 8 de Novembo, no suplemento - Revista Olhar

ARTES
A NÃO PERDER - Sinto Muito Nuno Lobo Antunes
"Sinto muito" é sobre o sofrimento em geral, sobre a dor, seguida de perda, seguida de dor. Entristece o coração, mas recompensa-o grandemente, tornando-o mais leve e melhor. Nuno Lobo Antunes pretende, com bom propósito e bons resultados, deixar que o seu coração se pronuncie, que se liberte a sua voz, que seja conhecida a sua humanidade. E, na verdade, a alma fala.
Há no médico o desejo de ser santo, de ser maior. Mas na sua memória transporta, como um fardo, olhares, sons, cheiros e tudo o que o lembra de ser menor e imperfeito. Este é um livro de confissões. Uma peregrinação interior em que a bailarina torce o pé, o saltador derruba a barra, o arquitecto se senta debaixo da abóbada, e no fim, ela desaba." Aqui

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Nuno Lobo Antunes me confesso

Hoje no Jornal MEIA HORA, na secção Cultura,
leia a opinião de Ana Filipa Baltazar, sobre o novo livro de Nuno Lobo Antunes

"À medida que se folheiam
as páginas de Sinto Muito, mergulhando nas memórias de neuro-oncologista pediátrico,
ouve-se nitidamente o bater de coração de um homem.
Para lá da dor e do sentimento de impotência, Nuno Lobo Antunes, durante quase uma década soldado nas trincheiras da luta contra os tumores
cerebrais em meninos com uma vida por cumprir, estreia-se nos livros com um testemunho de genuinidade e esperança.
“Perdíamos muitas
crianças, é certo,mas sentia- me privilegiado pelo trabalho que fazia”
, escreve na introdução de Sinto Muito, em que “exorciza” derrotas com uma homenagem à coragem, aos pais, ao Homem, que depois do limite se reergue mais forte para enfrentar os seus dramas. Mas estas são também páginas de um diário pessoal, confessionário de
quem não tem vergonha de falar do que sente."
Aqui

Entrevista a Nuno Lobo Antunes

Este é um livro generoso e também pedagógico...
Quanto à generosidade, não sei se estou de acordo. Tinha uma necessidade real de aliviar a carga de algumas destas histórias. Como digo aí, no fim fiquei mais leve e livre. Depois a noção de, quando se lida com pessoas nestes patamares de sofrimento, reconhecer que elas são capazes de se tornar heróis e santos. Estamos numa sociedade em que já não há heróis, os que existem são figuras de ficção. Já há poucos heróis de carne e osso. As pessoas vulgares, com quem nos cruzamos nos passeios, quando em níveis de exigência difíceis, são capazes de revelar capacidades extraordinárias. Se contribui com uma gota de água no reacreditar nas pessoas, então será verdade esse sentido pedagógico.

Há uma mistura de duas coisas: uma necessidade de pôr cá fora dores armazenadas durante muito tempo e a noção de que são histórias que valem a pena serem conhecidas.

Há a ideia do médico ter mecanismos de defesa para conseguir lidar com o limite. Mas homem e médico são um só. Onde, afinal, se guarda a dor?
Cada um responderá à sua maneira. Os religiosos encontram alívio, explicação, na fé. Quem não o for, terá outras respostas. O livro foi uma resposta à minha própria dor. Transformei-a nisto. Foi uma saída. O médico tem, claramente, de manter a distância afectiva na altura das decisões, da avaliação, agora é verdade que depois tem de resolver as marcas que isso vai deixando.

Sozinho?
Claramente sozinho. Não há outra forma.


Fala aqui da sua infância, do contexto familiar, da dificuldade em lidar como ser sempre o filho de, irmão de…Em Nova Iorque encontrou- se e este livro é também o assumir da escrita…

Sim, a partida representou a necessidade de encontro com um mundo não afectado pela tradição familiar, pelo peso de um nome. Em relação ao livro, é isso mesmo. Foi precisa grande coragem para o fazer,devo dizer.Coragemou loucura, não sei bem.Há uma procura da identidade que resultou não só da partida para osEUAe agora neste deitar cá para fora.
Entrevista de Ana Filipa Baltazar - Meia Hora. Aqui

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Abecedário dos Nomes

Hoje é assim no Corte Inglês...
Ouvem-se contar histórias sem pés nem cabeça, pela autora Manuela Crespo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sinto Muito - é um olhar humano.

Na sua crónica mensal na Revista MÁXIMA, Madalena Fragoso, diz-nos que o Livro de Nuno Lobo Antunes "Sinto Muito é um olhar humano, solidário e terno, a que estamos pouco habituados, salvo honrosas excepções, por parte da classe médica."

"Deserto de Afectos"

"No recém-publicado Sinto Muito de Nuno Lobo Antunes, o texto introdução do autor começa assim: "Em criança, agarrado ao meu peluche, sentia-me órfão de pais vivos, filho único de seis irmãos. Não me sobrava inteligência, não seduzia pela beleza. Vulgar, portanto, igual às outras crianças, as que não eram lá de casa. Foi talvez por isso que a minha mãe disse, um dia, que de mim não queria mais de um «dez». Profecia que foi uma sentença que, obedientemente, cumpri toda a vida." Mais à frente esclarece: "A minha relação com a Medicina foi precoce. Adoeci criança, e a coisa mais notável que fiz até aos vinte anos foi quase ter morrido. A sério, todos os outros tinham graças para contar, tiradas geniais, ingenuidades soberbas de criança. Pela minha parte, nasci prematuro e, não satisfeito com isso, perdi peso. Além do mais, tive uma peritonite aos três anos de idade, em Agosto, o que era duplamente inconveniente. Ficou-me, no entanto, a imagem da criada a passar na ombreira da porta, tomando conta, e também o egoísmo com que guardei uns carrinhos de pista que alguém me ofereceu. Não deixei ninguém brincar, e paguei com isso o preço do remorso que ainda hoje me aflige."

Tendo coincidido em tempos de leitura quase simultâneos, estes dois registos, destes dois irmãos, não puderam deixar de me agitar as águas das emoções. Sendo homens e irmãos as suas palavras são ainda mais reveladoras. Reveladoras de um mundo masculino que se insiste em manter fechado, a cadeado, ou trancado a sete chaves. O que mais me impressionou, tratando-se de homens bem maduros, foi a visível inconformidade, até mesmo indignação e incómodo, que ainda guardam em relação a uma infância vazia de afectos. Mas, apesar de tudo, é mais estranho pensar que o mundo dos afectos ainda seja tido como um monopólio feminino. Se é assim, onde está o colo da mulher-mãe que lhes faltou? E que mulheres-amantes se cruzaram na vida destes meninos-homens para que este colo ainda permaneça por saciar?"

Vida Hi-Fi - Aqui
(excerto do Post Deserto de Afectos)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Nuno Lobo Antunes - Sinto Muito


Sinto Muito de Nuno Lobo Antunes5 semanas no Top das preferências

3.º Lugar - Bulhosa
3.º Lugar - Bertrand
5.º Lugar - Fnac


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Convite - 7 Novembro

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"O Amor"

[...] But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...
I was made for you [...]
Brandi C.
A vida é tempo entre parêntesis
Alma a nu, sentimento de pudor
O Amor como razão de ser e de viver.
Nuno L. Antunes
in
Sinto Muito
Folha em Branco - Aqui