Sinto Muito
"Vivi dois momentos de profunda mágoa hoje e, simultaneamente, de esperança.
Assisti à nocturna entrevista da Judite de Sousa ao neurologista Nuno Lobo Antunes sobre a sua experiência com crianças, doentes oncológicas. Emocionei-me com a dureza da verdade. Da inevitabilidade da morte prematura e, do desabafo do médico, sobre a frieza das sentenças terminais para tão injustas afectadas. Estarreci com as descrições cruas da incapacidade para assegurar uma cura.
Há sempre uma razão para viver. Há sempre uma razão para desistir e respeitar a decisão. Mesmo quando olhamos para um pueril vislumbre farto de combater, carregado de dor e mais preocupado com os que rodeia do que com sim mesmo.
Os cuidados paliativos são imperiosos e merecedores de investimento, e - dentro em breve visitarei uma das melhores unidades existentes em Portugal - deles falarei com mais destaque. Aconselho-vos vivamente o livro, testemunho, "Sinto Muito", de Nuno Lobo Antunes.
Cheguei a casa incomodado. Vim do funeral do pai de jogador que treinei no Arouca. O Rui Pedro entregou à sua fé o destino do pai no cemitério de Grijó, morto por uma quezília de estacionamento. As justificações para tão descontrolada decisão do homicida descolam do nosso entendimento. Amachuca-se a vida de um mecânico, em troca de um prazer de carácter, de uma resolução à força, ao peso de um chumbo de espingarda.
Afinal o que vale a vida? Quanto suportamos a dor? E quem a rouba terá a noção da sua precariedade de espirito?
A esperança, à hora tardia em que vos deixo este desabafo, é que não cheguemos ao desespero deste pistoleiro, fazedor de justiça pelas próprias mãos, e que sejamos capazes de continuar a perdoar. Mesmo àqueles que nos roubam quem Deus mais ama." Aqui
domingo, 16 de novembro de 2008
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